Se como entusiasta essa exposição me agrada? Sim, claro que ver a bicicleta em evidência, e pessoas adotando a bicicleta no seu dia a dia é muito interessante. Porém, junto com essa exposição me vem um certa desconfiança, até mesmo um certo medo de como essa exposição se desenvolverá, se teremos uma consicentização de forma mais efetiva, ou se toda essa exposição é apenas um meio de se alimentar o consumo de bicicletas e todos os artigos relacionados ao seu uso... É necessário realmente que haja essa exposição, e acredito que boa parte dela aconteça para o fomento do consumo de uma classe de produtos... Mas o que devemos fazer nós, ativistas, é utilizar esse aparato midiático para a consolidação de uma Mobilidade Urbana justa e igualitária...
Porém, tenho uma advertência para os cicloativistas, feita por Cornelius Castoriadis, citado por Ned Ludd (um apelido obviamente, depois procuro o nome de batismo do sujeito) no primeiro capítulo do livro "Apocalipse Motorizado". Castoriadis afirma que não podemos achar que apenas a modificação da técnica é suficiente para o surgimento de uma nova sociedade... Portanto, num primeiro momento concordo com Castoriadis, e trazendo para termos atuais, não será apenas com a bicicleta que faremos uma nova sociedade com novas convivências... É necessário algo mais...
Referências:
CASTORIADIS, Cornelius; COHN-BENDIT, Daniel. Da Ecologia à Autonomia. São Paulo: Brasiliense, 1981. p. 7. Tradução de Luiz Roberto Salinas Fortes.
LUDD, Nedd (org.). Apocalipse motorizado : a tirania do automóvel em um planeta poluído ; tradução Leo Vinicius ; ilustrações de Andy Singer. 2. ed. rev. São Paulo : Conrad, 2005.